LUA CHEIA, CORAÇÃO VAZIO.

Em teu último plenilúnio estavas radiosamente bela,

um séquito de invejosas estrelas, à cata de um pingo do teu brilho

acompanhavam o rastro do teu argentino resplendor.

A noite fora lavada por uma forte tempestade e mãos invisiveis expulsaram para longe carrancudas e pesadas nuvens.

Tudo era propício ao teu majestoso desfile.

À guiza de um imenso tapete azul cravejado de brilhantes

extendia-se o firmamento e se deixava por ti ser pisado.

Diferente da "Shy Moon" do Veloso, timidez e vergonha, naquela noite,

passaram bem longe de tua face.

E tua cara redonda e brilhante me provocava.

Pela vidraça me enviavas líquidos e cristalinos beijos,

teus raios prateados beliscavam minhas pupilas sonolentas

e meu adormecido coração.

Oh lua! Por que me provocas assim ao passar?

Não sabes que de mim nada conseguirás arrancar, e

que do fundo da minha pobreza verbal, expressões não há

capazes de tamanho esplendor adjetivar?

Vá, "lua de São Jorge", "Boião de leite que a noite leva com mãos de treva".

Vá a outros sonhadores provocar; excita outros peitos;

balança outros corações,

pois do meu, apenas um suspiro, somente um "lua, Oh lua!" conseguirás.

Nada mais!

14/09/09

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 14/09/2009
Reeditado em 09/04/2012
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