nem antes, nem depois
não há pressa para chegar
antes das chuvas de janeiro
se o próprio relógio demarca
o instante de nossos desejos.
Não importa a cor da manhã:
seremos os mesmos a sonhar
aquilo que não alcançamos:
o querer de nunca acabar.
Mas, alguém dirá certamente
que esquecemos nossos coletes
para que a ferrugem da noite
permaneça em seu lugar.
Seguimos desarmadamente
o calvário cotidiano
controlado pelo relógio:
pendurado em qualquer parede
Não há pressa para chegar
antes das chuvas de janeiro,
seremos os mesmos a viver
o calvário cotidiano.