Mutilar ou Um poema: O que não ouso acabar
Que te espreitas pelas esquinas
da madrugada
sem carne
fedendo teu cio
cadela
isso é coisa que já se sabia.
E que vadias com gosto teu sexo
soluçante pelos galhos do falo do poema
e que te ensaboas do chorume tosco
dos cabaços perdidos sem ternura e sem perdão
sem sonho... [
botão-sangue lacerado
um bouquet
a rosa a rosa
a rosa
de
inocência
rompida pela palavra ereta
que tanto mais ama quanto mais é violada
- a rosa explode orvalhada ante a voz gritada -
risada rosa aberta boca ( ) ]
eu sei
eu sei bem
eu sei da lua em teu seio bandeja de prata
foi uma vida que deitei ali
e foi um tanto mais:
ali moravam meus dentes
ali quedavam os inimigos
crianças cheias de noite vinham banhar-se ali
eu sei
eu sei bem
eu vi!
Vi com meus próprios dedos a dureza
de teus mamilos.
Vi tua solidão, bandida!
Chorei tua dor
suguei teu gozo
o mesmo gozo
com que colores
teu pequeno
( I )
MundO
...
Como és vazia assim cheia de todos.
Cheia de graças sem.
Sal untando músculos
os meus rasgados
as tuas unhas virulentas
o porvir da lisura de tua língua
nem falo teu cabelo quase breu
que de infernos povoavas meu céu
e já nem sei, nem sei , nem sei...
porque tanto retornas
e vagas ocupando o ar asfalto
vagas devagar vagabunda
asa da palavra azeda
lâmina acesa
ali a ser devorada
voraz mesa de meu pousar sobre
mesa
sobras de meu doce mutilar.