UM VENCEDOR

UM VENCEDOR

Eu existia.

Há quanto tempo, não sei,

Mas existia.

Inteligente?

Talvez apenas detentor de uma inteligência

Que precisava ser aperfeiçoada, polida.

Mas, para isso, precisava de uma oportunidade

E havia outros querendo a minha chance.

Disputei com milhões e venci.

Cheguei ao que posso chamar de paraíso.

Embora escuro e apertado,

Ali eu sempre fui bem tratado.

Recebi carinho

E muitas transformações foram realizadas em meu ser.

Talvez ali permanecesse por mais tempo,

Se dependesse da minha vontade.

Um dia eu fui expulso.

Saí dali chateado, choroso,

Embora ainda pudesse considerar-me um vencedor.

Mudei-me para outro ambiente.

Bem recebido, bem tratado,

Recebendo novas instruções,

Crescendo em todos os sentidos.

Eu carregava uma coisa que chamam de alma,

Não sei a partir de quando.

Essa alma, disseram-me,

Eu deveria cuidar e aperfeiçoar,

E, nela, mudaria outra vez de ambiente,

Abandonando o corpo bem nutrido (carcaça),

Indo em busca de um lugar mais amplo

E mais iluminado.

Certamente partirei contra a minha vontade.

Aqui é tão bom!

Claro que alguns aborrecimentos, mas...

Tenho o carinho dos amigos

E o desconhecido normalmente assusta.

Não sei quando, mas deixarei escrito:

EU VENCI.

Gilson Faustino Maia
Enviado por Gilson Faustino Maia em 29/09/2009
Código do texto: T1837424
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.