ENSAIO LÍRICO

Espero-te ao som

(ateu) do sabor do teu

lúbrico batom.

Nervos me saltitam,

com dor, bem da pele à flor,

flechas que pinicam.

Teu corpo, que freme

ao gume do meu, resume

o vaivém de um leme.

Feito nau, no mar,

sem porto, à deriva e torto,

onde te encontrar?

Entre mim e ti,

remói a questão que dói

– a saudade, em si.

Então, menestrel,

meus versos voam, dispersos,

só teus, a granel.

As doutas elites

nem sentem ou veem; mentem,

forras de apetites.

Assim, pois, não vou

dizer às elites ser

bardo de Bashô.

Só vou te contar,

além, que o mais que sei bem

é demais te amar.

Ah, e os teus cabelos

de sol, filões do arrebol,

quando que os vou vê-los?

Fort., 03/10/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 03/10/2009
Reeditado em 03/10/2009
Código do texto: T1845203
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