Tuas Filhas

Tuas filhas,

As que chamas tuas,

Sumiram, se foram.

Mas não chores,

Nada perdestes.

Nada tinhas.

Tuas filhas

Não são tuas.

Foram filhas

As meninas,

Mas agora são

Mulheres na rua.

Tuas filhas

(agora não tuas)

São muito elas,

São todas elas

Somente delas.

Tuas filhas

Não estão nuas,

Despidas ao ocaso,

Serão elas mães,

Serão elas delas.

Tuas filhas,

Essas donzelas,

Ninfas, gazelas,

Gatas, cadelas,

São a tua partida,

Apenas teu espelho,

Teu reflexo tripartido.

Tuas filhas

São agora do mundo,

Do vasto mundo delas,

Onde somente elas

Habitam, vivem e coram.

Tuas filhas

Adormeceram teu colo,

Morderam teu leite,

Acordaram o teu.

A vida delas

Tua insônia.

Tuas filhas

Se dão prontamente,

E se dão sempre,

E são frágeis,

São poucas,

São loucas,

São elas.

Tuas filhas

Agora se conhecem,

Se sabem

Não mais tuas,

São próprias.

Tuas filhas

Te veem delas.

És, delas, mãe.

Sofrestes mãe,

Somente mãe.

Tuas filhas

Não morreram,

Não cessaram,

Agora seguem.

Agora, elas são elas.

Tuas filhas...

Antonio Antunes
Enviado por Antonio Antunes em 03/07/2006
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