Flores no Deserto

Tenho os pés firmados em areia movediça

O tempo a exaurir é uma corda bamba

A água da fonte não é mais perene

Feito o magma a jorrar da cratera.

Não há nada de mim, os esquecidos

Na observância desse espaço

Á beira do precipício

Planto supressões de planos

Com sementes estéreis de não.

Há no paiol uma safra de nada colhida

Um silo repleto de talvez

Um armazém abarrotado de nunca.

Na lavoura das incertezas

Resta apenas aguardar

Que a praga perniciosa feneça

Junto do joio da incompreensão.

Mas ainda consigo produzir flores

Nas dunas do deserto

Entre os grãos de areia

Germina a semente das possibilidades

A vida segue cheia de reticências...

No oásis das palavras encontro refrigério

Para este cálido terreno de vírgulas e exclamações

Trafego sinuosamente reto

Entre aspas, parênteses e parentes

Em meio a parágrafos e interrogações

Até que sem revisão ou edição

Apresente-se a pontuação final.

Paulino Pereira Lima
Enviado por Paulino Pereira Lima em 29/10/2009
Reeditado em 31/10/2009
Código do texto: T1894824
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