EU NUNCA VOU MORRER

Porque sou filho do Fogo

Que tanto pode estar estampado nas manchetes do

mundo,

Esconder-se na pólvora, na expectativa de um atrito,

Riscar os céus nas mensagens do relâmpago;

Ou pura e simplesmente aquecer e iluminar

As enormes esperanças de vidas aparentemente

pequenas.

Eu nunca vou morrer...

Porque fiz amizade com a Água.

E apesar de não lhe ter sido mais íntimo,

Pela minha frágil incapacidade de flutuar,

Caminhei à beira-rio e à beira-mar;

Confessei-lhe segredos e com ela tive momentos

orgásticos.

Eu nunca vou morrer...

Porque, quando criança, aprendi a brincar com o Ar,

Dando-lhe o prazer de voar com a minha fértil

imaginação,

Em busca de um mundo sem estragos.

E quando adulto, reencontrei os tapetes e castelos antes

construídos;

Retomando as viagens, pelos símbolos da Magia do

Espírito...

Da Verdade Universal que brota na eterna dúvida de

quem procura.

Eu nunca vou morrer...

Porque nasci da Terra e não simplesmente na Terra.

Pois dela sendo, guardo lembranças de contatos dos

mais inimagináveis:

Beijos, carícias, confidências, rituais e caminhadas.

Nunca me permiti corromper com a pressa da atualidade

E não perdi o êxtase diante do germinar de uma

semente, dos mistérios das florestas,

E dos incontáveis crepúsculos que admirei,

Fotografando-os e guardando-os em minha coleção

contemplativa.

Eu nunca vou morrer...

Vou apenas cruzar uma ponte meramente frágil,

Construída entre o que parece ser a minha essência

E outro lado semidesconhecido do universo da existência

Vou apenas seguir adiante, de alguma forma, em minha

busca,

Eternizando-me nas lembranças dos que aqui ainda

ficarem,

Na perpetuação da espécie pela genética de minhas

duas filhas,

Nos sorrisos que provoquei e que nunca poderão ser

desfeitos

E nas pérolas dos meus poemas que só aos amigos eu

mostrei.

josealdyr@gmail.com