[O Viés dos Sentidos]

[eu deliro, tu deliras...]

Ao longe, um cão na noite

ladra surdos mistérios

para a lua que some na névoa.

Os meus olhos confusos

vêem uma bela égua baia,

insone, solta na vida!

Ela pasteja, calmamente,

a verde grama do canteiro

central da grande avenida.

Eu, cá do alto das estrelas

que sobem no copo de cerveja,

olho, de viés, a égua solitária,

[cavalo da noite eu sou],

e penso na vida... penso

que a vida é mesmo cruel:

ela, sem me deixar falar,

ajeitou os cabelos, e acelerou o carro...

E aquela égua? Ara, não vi aonde foi...

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[Penas do Desterro, 06 de janeiro de 2007]

Caderninho das Cidades Mortas, p. 47

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 05/11/2009
Reeditado em 01/07/2012
Código do texto: T1905822
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