Minhas meninas
Minhas meninas são galegas, são melenas
São centenas, são quarto de um terço
São meio, fim e recomeço
São meus olhos pelas ruas, são beleza
Minhas meninas são fiéis
Carolas encapuzadas, descaradas
São provérbios chineses, são malteses
São botões de flor na madrugada
Minhas meninas são sacanas
São loucas, são santas
São vendavais que movem moinhos
São minhas delícias, meus carinhos
Minhas meninas são pequenas
Cor de rosa, perfume de camélia
São trancinhas desgrenhadas, são safadas
Minhas meninas são nomes de caravelas
Minhas meninas são terrenas
Fogo, terra, água , ar e jeito
São a rima d’um poema de ensejo
E a causa nociva de algum efeito
Minhas meninas são mulheres
São pressão alta na coronária direita
São pétalas jogadas por daminhas
Minhas meninas, eu sei, são minhas.