VERSOS ÍNTIMOS

Cego flores para não sentir o perfume.
Dissipo ar no tempo do relógio que não cansa.
Rasgo vestes que revestem o invisível
E recito todo o repertório indizível,
Que do peito ávido, à fora se lança.

Ríspidas são as imagens que de mim exasperam.
Frestas abrem-se com o ranger de janelas.
Espelhos transcendem máscaras expostas,
Incitam dos lábios, sangrentas respostas,
Que navegam, ao vento, no sonho que velas.

Mesmo das nascentes histórias que contas,
Indignados receios, ásperos, propagam-se.
Dúvidas infames na mente agarram-se,
Aprisionam sentimentos no peito, que afrontas.