O PÊNDULO

é viagem fincada cidade sem rua

verdade obscura

suor na friagem:

paradoxo tu e eu meu amor e ódio

café com sal bacalhau com açúcar

a poesia nos escreve com o nada

dissolve encarcerada o quase-tudo

comunicando-se de silêncio

minha cara cerviz de pedra vaporosa exije

de mim um verso branco-escuro

vá lá que seja um dois um somente muitos

não me deixes parar nessa força frágil

nem correr demais: desfaze

e faze minha morte vital vida

mortal nos teus seios quadris

obviedades raras

estraçalham-me as veias na velocidade

do teu sangue compõe-me

num ritmo inebriantemente lento

morre-te-nos

não penses calcula

esquece os contra-efeitos

lembra-te de mim no canto ensolarado

ilhado do teu nebuloso córtex

canta com teus poros que eu suo de ti

e me esvaio por teu corpo inexistente

não me deixes ficar calado

tampa minha boca com um beijo

um dialeto ou um boato

Fabbio Cortez
Enviado por Fabbio Cortez em 21/07/2006
Código do texto: T198854