Desejo de revolução

tá: de repente a gente pode.

cada um do jeito que pode.

norte? não era. não tem.

bandos em bandos

se valem do sul pra se esconder.

todo mundo sabe do que eu to falando.

azar de quem não sabe.

sem um sentido, aí desnorteia.

a bússola é a mente em êxtase

em busca de um naufrágio.

pra quê ilha?

se somos abertos pelos sentidos

e fechados pelo sentimento?

com o desconhecido, divagamos.

é um jeito, não uma arte.

aprimoramento se faz na barganha.

não somos os conquistadores,

mas queremos as panelas e os talheres

porque agora podemos usar.

agora, sabemos como.

de repente, nessa inútil façanha,

trocaremos o que não temos

por algum OI dialético da aldeia,

que soará como revolução.

com sorte, daqui

se espalhe para todos ouvir

numa palavra mais que informativa,

típica intimação explícita,

ao menos, de início: tá.

começa o discurso pedido

do que pode. cabeça erguida.

pensando.

Joelson Ramos
Enviado por Joelson Ramos em 24/07/2006
Código do texto: T200572