Desejo de revolução
tá: de repente a gente pode.
cada um do jeito que pode.
norte? não era. não tem.
bandos em bandos
se valem do sul pra se esconder.
todo mundo sabe do que eu to falando.
azar de quem não sabe.
sem um sentido, aí desnorteia.
a bússola é a mente em êxtase
em busca de um naufrágio.
pra quê ilha?
se somos abertos pelos sentidos
e fechados pelo sentimento?
com o desconhecido, divagamos.
é um jeito, não uma arte.
aprimoramento se faz na barganha.
não somos os conquistadores,
mas queremos as panelas e os talheres
porque agora podemos usar.
agora, sabemos como.
de repente, nessa inútil façanha,
trocaremos o que não temos
por algum OI dialético da aldeia,
que soará como revolução.
com sorte, daqui
se espalhe para todos ouvir
numa palavra mais que informativa,
típica intimação explícita,
ao menos, de início: tá.
começa o discurso pedido
do que pode. cabeça erguida.
pensando.