VALSA

Havia uma valsa

no tempo,

esparsa,

perdida entre os ponteiros e os nossos pés.

Uma melodia dissonante,

casal equidistante

em passos belos e errantes.

Havia uma valsa

onde ecoavam berrantes

e ruminar de bois.

Primeiro ela se espalhava pela senzala.

Depois ia se ater na sala

servida em cálice de prata

num calado jantar a dois.

Ela sorria e nos olhava

nos envolvia e enrolava.

E, aturdidos, ali

comíamos e bebíamos suas cerejas

que tudo em nós avermelhava

e jorrava.

Havia uma valsa

e ela nos tocava inteira

Velha e surrada companheira

que ninguém mais dançava.

D.V.

05/01/2010

Copyright © 2010 Dulce Valverde

All Rights Reserved