[Amargo Amanhã]

[Eu não sabia que em mim

cabiam tantas mágoas!]

A amargura de amanhã

torra-me as carnes, faz sabão

de bola das minhas cinzas,

presto pra nada, pra nada!

Escôo por todas as cenas

da minha vida maldita,

as da rua dos sonhos,

as dos antigos bordéis,

as das ladeiras de pedras,

as das grandes invernadas,

as dos horizontes vermelhos,

as das trilhas do matadouro!

Sou mineiro... e sou goiano,

as barrancas do Paranaíba

criaram-me assim, esse ser

rude que não pede licença,

e ama o aroma dos manacás!

Mas agora, morro mesmo

é aqui, longe das noites grandes,

perdido em Penas do Desterro,

e sem olhos que me salvem

de mim mesmo - Jogo ruim

para quem nunca aprendeu a perder,

e já está prestes a comprar o coringa!

Eu, eu sim, que não aprendi

a vender as minhas palavras!

[Penas do Desterro, 14 de janeiro de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 15/01/2010
Reeditado em 16/03/2011
Código do texto: T2030147
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