Eu

Eu sou contra a maior parte dos ismos, sou loura tingida e adoro a magnitude das relações humanas. O males do mundo atingem a mim com mais força que os males de meu corpo. O medo de partir sem ter feito algo, algo suficientemente bom, me deprime. Deprime muito. Temo não poder sentir-me útil.

Temo minha cegueira pras coisas do mundo. Temo tanta coisa, e esqueço da cegueira pras coisas do mundo que sou. O mundo... O mundo é feito das relações que travamos, que criamos e mantemos, e das que deixamos de lado. O mundo, é feito do que prendemos ao nosso redor, das coisas que aderem por osmose, e coisas das quais não conseguimos nos livrar.

Meu mundo é cheio de coisas inexplicáveis e de acontecimentos desconexos. Como li certa feita, é algo por vezes piegas, mas muito denso. Meu próprio ser e seu existir são densos por natureza, talvez essa seja uma condição minha. Uma condição pra continuar a existir.

Minha felicidade me deprime. E sinto-me culpada por isso. Meu sorriso não tão belo e minha gargalhada não tão baixa a todo momento dentro de minha cabeça confundem-se com a culpa de sorrir enquanto tantos choram e, com a culpa de não permitir a mim mesma a felicidade plena. Por mais que a plenitude e a perfeição não se encaixem na grade das minhas crenças.

Como li certa vez, cínica ou crédula, que manda no meu coração sou eu. Ou algo do tipo. Mas cínica, crédula, cética, ou qualquer outra denominação com 'c' ou não, quem manda no meu coração sou eu. Ou não. Eu própria sou uma série de acontecimentos desconexos.