A BOA TERRA
O lavrador viu a terra,
Reconheceu-a fértil,
Arrancou-lhe as pragas,
De sol a sol a lavrou e preparou.
E a terra, empedernida, calcinada,
Mortificada por amores vis,
Abriu seu coração encouraçado,
E deixou-se semear, sem mais reservas.
Ao sabor das estações, floresceu.
Ao comando do tempo, frutificou.
E a terra, ao vislumbrar seu manto próspero,
Sorria e constatava: "Sou Feliz".
Mas se a lavra é destino do lavrador,
Este enxergou em outra terra sua sina.
E partiu, não sem dor, para outros campos,
Sem colher nenhum dos frutos que plantou.
Resta à terra, que sem norte se contempla...
E aos seus frutos, que despencam sobre o solo,
a tristeza desolada do enterrar dos sonhos.
Mas assim como a lua desfila suas fases,
E a primavera se sobrepõe ao inverno.
Haverá certamente a nova safra,
De um plantar de raízes mais profundas,
Cujos frutos, bem mais fortes, enfim cumpram,
A missão primordial, que é ser feliz.
Luciana Rodrigues
Fazenda Novo Mundo - MT
31/12/2009