DE LOBEIRAS, LOBOS E SAUDADES (2ª parte)

DE LOBEIRAS, LOBOS E SAUDADES...(2ª parte)

Por Toninho Reis, baseado no escrito de Jose das Mercês.

As lobeiras em flor eram promessas de saciedade.

Frutos redondos, cheirosos e apetitosos ao paladar dos lobos

Matariam a fome daqueles canídeos que viviam na cidade.

E nossos velhos diziam, assim nasceu o Bairro Berra Lobo...

Nós meninos às vezes a usávamos como bola de futebol

Bola dura que machucava nossos pés descalços, unhas arrancadas.

Era festa da meninada, que feito bando de lobos vagava pela serrinha

Brincando, caçando passarinhos, apanhando gabirobas, em dias de sol.

Hoje olho triste para a desnuda serrinha não há mais lobeiras.

Foram explosões e mais explosões na fome de mais exportação.

Nossa VALE não sabia que mudava nossa inspiração?

Não há mais mistérios, nem medo, nada de lobos nas noites de lua.

Os tempos mudaram, levaram minha infância na explosão.

Olhando para a serrinha, o velho coração explode no peito.

Uma serrinha sem lobos e lobeiras sem meninos a vagar?

A saudade brutal grita e ecoa na serra e pelas ruas do Berra Lobo.

20.01.2010

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 20/01/2010
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