as "pedra" do sertão
...é um caminho cascalhoso
os pés empoeirados contam cada "pedra" em seu calcanhar.
a dureza da estrada
o emaranhado de vento... ventania sopro só...
solidão sem fim
a falta d'água - maldita seca -
e os olhos marejados pelo ardor do sol.
a escola!?
- ai deus! dali passava lonjura de légua...
êta "pedra" canseira só...
mas a beleza daquela terra seca,
fedida pela morte de tanta rês,
anseia o exalar do próximo chover.
há quem diga que no sertão
a "pedra não ensina nada"...
...e a "pedra", toda ela só "pedra"
ensina o muito do tudo que a vida acalenta
[no redemoinho do tempo...
basta atento ficar...
caminhar no subir das "Sete Curvas",
parar no vigor de cada encosta e admirar a "pedra"
e lá de cima, contemplar aquelas "pedra"
[acalentadas pelo assobio da ventania
isso é o testemunho do quão belo se faz o tempo.
o caminhar continuado, pisando aquelas "pedra"
é a certeza do destino engrossando a sola dos pés.
e "no meio do caminho tinha uma pedra..."
e aquela "pedra" centrada num descampado
é arquitetura divina daquela terra-nação.
o vento se encarregara do esculpir
[primeiro e natural
fonte da inquietude do sopro silencioso
[de dias e noites
e diante daquela "pedra", soam as vozes de todas as gentes
- olha o "Buraco do Vento"!
e aqueles pés continuam seu caminho...
e o corpo-homem na sua visão terrena
aprende da "pedra":
arte...poesia
porque seus pés em meio às "pedra" trazem
[a canção do aprender
e dessas "pedra" sangram ensinamentos
[que toda uma vida fará procriar,
à sombra dos umbuzeiros, sentado naquelas "pedra"
em meio a tanto calor - o homem faz seu destino
isso porque lá no sertão
[a "pedra" ensina tudo...