Confesso, sou de carne, pele e osso, tenho leito, margens e pedras...alma e coração

Diante o inusitado

E da inesperada desordem lançada

Tentei manter a serenidade

Voltei meus olhos para o alto

E orei como àquele que não vê saída

Ao acolher de forma quase cabível

O fato indesejado

Tanto que violentei meus extintos

E acabei por expandir meus poros

Arranhando a alma e ferindo a pele

Por isso logo veio o choro

E depois um silêncio amotinado

Enquanto que o riso encabulado

Partia apressado

Tentando buscar a esperança

Que dispersa, ainda dormia

Longe dali, longe de mim

Portanto, era eu comigo mesmo

E mais ninguém...

Mas porque fui lembrar disso logo agora?

Ainda não sei ao certo

A única certeza que tenho

É que eu deveria ser e permanecer

Infinitamente, apenas um poema

Um poema meio assim, literalmente ingênuo

E inocentemente acomodado

Meio mudo, meio surdo, meio nada, meio tudo

Meio cego, meio esquecido de mim

E não um rio, um insistente e obstinado rio

Que corre e desce sem tino

Em total desatino

A procura do mar