De viver
A vida
em vão
é intifada
do coração
e é difícil sê-la
assim à pulso
e dar-se jeito melhor
de mantê-la em uso
a vida
é rio de nado duvidoso
nas braçadas gerais
desse meu povo
e é macio vê-la
não obstante
o que desregra o modo
de não sê-la avante
a vida
é piracema
de exercício adrede
e que não cabe numa lógica
onde não seja breve
e é não se ter tempo
de consumi-la vasta
guardada a desproporção
porquanto tê-la baste
a vida
é reticência
da grave compleição
da paciência
e é difícil tê-la
individida
e levá-la plena
nos bolsos da camisa
melhor é tê-la no peito
quase completa
numa certidão exarada
em muitos et ceteras
a vida
é navio e gaivota
nas âncoras gerais
em que aporta
e é constante vê-la
em voo conjugado
com os sonhos que se traz
em grandes cachos
a vida
é absurda
onde não exercê-la
em desculpas
e é trânsito
de rara urdidura
nas esquinas que o peito
em vão atura
a vida
é genérica
mesmo que seja única
sua matéria
e é de dar-se ao homem
na proporção exata
de toda sua fome.