Poema ao jazigo do meu pai

O jazigo de meu pai tem cordilheiras

que atravessam meu peito pela tarde

e que inventam amarguras no meu riso

e que gargalham no meu pranto quando tardo

o descanso do meu pai é óbvio

nada lhe reclama o exercício

de todos os seus ossos

o jazigo de meu pai tem bandeiras

que tremulam no vão de minha face

e que alcançam todas as palavras

das nossas eternidades

o descanso do meu pai é vário

ainda resta um interstício

entre sua morte e meu abraço.