OS ÚBERES

Túrgidos tempos, dizem profetas.

Ordenam tetas:

- Hora da ordenha!

Como estarão túrgidos úberes secos?

Qual leite verde tem esperança?

No curral, sonham as vacas.

Olhos vazios roem seu cocho

de tosco cedro, sal agridoce.

Seria o leite a perfeição do pasto?

O costume, da doma o sumo?

Profetas iludem cérebros

mas não os úberes.

Urbis et orbis,

úberes secos

trepidam cios.

(Cama do pasto:

copula o gado

em pleno estio.)

E o profeta,

com boca seca,

maldiz as tetas.

Sai retinindo

baldes vazios.

Pablo Morenno
Enviado por Pablo Morenno em 07/08/2006
Código do texto: T211503