Vazio

O mar, na rebentação, rompe a madrugada.

São os sons noturnos das pedras em resposta.

Tardia vai a visão que dorme em sonhos e mundos.

Estou só neste quarto.

Algumas léguas a me separar do mar esparramado.

Horizontes noturnos precipitam-se ao findar de tudo.

Aqui, entre paredes e ares, o silêncio voa alto,

Mitigado e velado, possuído por uma forma estranha de dor.

Calo-me ante a perversidade dos instantes.

A cruel solidão, o desejo incontido, os quadros na estante.

Não há amor, não há busca,

Há o vazio estalado pela rebentação:

O nada no meio do travesseiro e o teto como referência.

Grego
Enviado por Grego em 08/08/2006
Código do texto: T212131