Vazio
O mar, na rebentação, rompe a madrugada.
São os sons noturnos das pedras em resposta.
Tardia vai a visão que dorme em sonhos e mundos.
Estou só neste quarto.
Algumas léguas a me separar do mar esparramado.
Horizontes noturnos precipitam-se ao findar de tudo.
Aqui, entre paredes e ares, o silêncio voa alto,
Mitigado e velado, possuído por uma forma estranha de dor.
Calo-me ante a perversidade dos instantes.
A cruel solidão, o desejo incontido, os quadros na estante.
Não há amor, não há busca,
Há o vazio estalado pela rebentação:
O nada no meio do travesseiro e o teto como referência.