Louca
Louca,
Outrora amou-me,
Pisou, levantou, orgulhou
Humilhou,
E agora enlouquece.
Louca, completamente.
Apaga-me com um recurso pobre
E se diz que lhe fiz mal?
A quem vais enganar de maneira nobre
Que não mais faço parte de teu carnaval
Como fizestes do meu?
Falsa.
Hoje, após as diversas auroras
E luas, e estrelas e ventos, e
Até nas naus que se passam
Ainda invento você.
Assumo com toda franqueza
A fraqueza que tenho
Por ser eu, simplesmente.
E faço minha insanidade
De sofrer e viver lentamente,
Sem pressa de acabar qualquer sentimento,
Razão, erro e finitude
De qualquer momento
Porque vivo
E sei que vais passar
Em qualquer momento,
Ainda que não o queira.
Amanha tuas marcas
Terão cicatrizado e
Reanimado em forças
E não ousarei chamar de
Sofrimento
Todo tormento que foi
Nossa vida de amor.