MUDANÇA
MUDANÇA
Um dia eu arrumo a mala
e vou pra outro rincão
onde a linda lua embala
melhor nosso coração.
Finjo que sou mestre-sala,
procuro um bom barracão,
acho a morena que fala
com meu sotaque chorão.
Digo que sou da Bahia,
embora eu seja do Rio.
Que sou bom na poesia
e que aceito desafio.
Canto o amor, canto alegria,
quando não canto, assobio.
E, com graça e simpatia,
ganho a mulher que eu espio.
Vou partir pra outro canto,
quem quiser, venha comigo.
Fiquem sabendo, entretanto:
mudar é sempre um perigo.
Às vezes buscamos tanto,
que até parece castigo,
sem achar um bom recanto
que tenha o nome de abrigo.