Velhos Postais

Deixei grudado na parede

velhos postais, memórias de um tempo

que não volta mais.

Na parede, envelhecida e úmida,

cartas e retratos do meu tempo.

Os papéis amarelados perdidos entre tantos

recortes,já desgastados e sem vida,

não revelam mais nada.

Na foto desbotada, vejo um coração

desenhado e dentro dele dois papéis

de chocolates colados.

Na parede sem cor,

vi retratado um velho amor,

vi também poemas de Drummond,

pedaços de uma canção de Chico

Buarque, uma fita do bomfim e

um bilhete remendado.

E olhando de longe aquela parede,

tão cheia de retalhos,

Tão fria...

Tão distante...

Percebi que uma parte de minha

vida se transformou em velhos postais,

coleção de objetos que não carrego mais.

E de tudo finda apenas a lembrança,

Fica uma saudade de um tempo

que não me pertence mais.

Ana Clea Bezerra de Abreu
Enviado por Ana Clea Bezerra de Abreu em 11/08/2006
Código do texto: T213900