Somando Afetos

Finalmente deixo a janela

No silêncio do tic-tac do relógio

Balançam as cortinas ao vento

Todavia há luz lá fora

Nas quadras ausentes de beleza.

Percebo espaços entre os vitrais

Refletindo o vazio de laços

De corpos copos e cantos de aves

Postos como melodias em sintonia

Deste ainda dia no tempo.

O pôr-do-sol ainda a chegar

Neste quase triste transcorrer

Eu exausta incapaz de superar

Meus limites entre muralhas

Cativa busco forças.

Quero restabelecer forças

Do tijolo ao fio de ouro

Na noite que ainda não veio

No sol que me escondeu

Escorrego em meus medos.

Na mesmice meus ais perdidos

São de fato daqui em diante

Sementes nascidas íntimas

Próximas de meus versos

Nesta faina de proteção.

Na querência entre família

Meus elos me fazem e refazem

Ser íntegra e nascer rugas

Do tempo de refletir

Respostas a imaginar.

Então somei afetos desde

Horas neste anoitecer precedente

Da noite quero guarida sim

Lar da casa? Inventarei

Mesmo que a encontre vazia.