Solidão

Fiquei ali, sentada.. Esperando que a vida dissesse alguma coisa... Pelo menos falasse a mesma língua... Que não virasse as costas para o que ela mesma criara...
Que a cabeça não fosse o alvo da dor que do coração brotava...
Olhei em volta... Não contive as lágrimas.... Fui abatida... Derrubada...
Não sei dizer mais nada...
Não há o que dizer, quando o vento cisma em deixar-me sem chão... Frustração.
Fiquei ali... jogada aos risos que não estavam cientes do meu rosto...
Andei pelas ruas... Nada agrada... Tenho medo de dias de revoada... Eles sempre trazem as consequências dos atos...
Olhei, pela cortina... Vi tanta gente que nem lembro... Fui ao poço, colher a mina d'àgua... Encontrei-a em sede desigual...
Ainda é tempo de entender... Sempre resta outro dia para o espetáculo da vida... Mas, hoje não...
Fiquei ali, sentada... Nada pareceu tão perdido... Tão triste...
Ouço o que a cabeça guardou... E agrido as palavras, como se a responsabilidade fosse delas...
Nada mais importa... Não tem sentido... nada... O caos é o plano de fundo...
Resta saber quem enxugará as minhas mágoas...
Hoje, sementeio as páginas que ainda não escrevi...
Jogaste-me, destino alado, para outra direção...
Fiquei ali, sentada... Morro aos poucos... Nada mais resta... Do que nunca restou...
O completo engano movido pelas cicatrizes que criamos...
Nenhuma frase a mais será dita... Nada apagará esse dia... Recosto a cabeça em um berço de pedras... Solidão
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15:47

( Entrecores)