Menina-na-rua

Menina-na-rua,

Tão colada na rua

De que não és parte

(És parte de coisa alguma?)...

Cantará, que poeta, a tua dor,

Musa empobrecida sem encanto exterior?

E que expressão, dize-me, dará conta

Da inexpressividade toda, cintilante,

Do teu olhar que já para nada aponta?

Homens velhos, só, e aborrecidos,

Junto a ti decaíram, que contigo

Viveram, talvez, qualquer espécie de amor

Que não demanda sentido

(Contanto lhe dêem abrigo...).

Transposta, tão abstrata, nas minhas palavras,

Vivemos, entanto, no mesmo planeta expulsado

Do ventre de deusa sem poesia.

(E quanto disto é só nostalgia?)

wsdafae
Enviado por wsdafae em 18/03/2010
Reeditado em 18/03/2010
Código do texto: T2145941