cidade sitiada

retorno ao meu lugar

sento-me entre as letras

e retornam-me conforto:

é preciso vencer o medo.

do instante gelado da manhã

de nuvem sobre o chão

escapo sobre rodas:

é preciso vencer o medo.

saem do quarto

saltam aos olhos

sapatos vermelhos sem saltos

pisam do alto; encaro:

é preciso vencer o medo.

abarco tiros, raios

risos, fardos

mãos, olhares

tragos, cheiros:

é preciso vencer o medo

[é sempre preciso.

recolho todas as armas

enquanto vasculho escombros

e encontro o próximo esconderijo].

devoro versos-mundo

com eles fortifico meu muro

de dentro da cidade sitiada

é preciso vencer o medo.

Lidiane Lobo
Enviado por Lidiane Lobo em 22/03/2010
Código do texto: T2152990
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