Por um dia...
Quero gritar tudo o que sinto
Se ao menos por um instante puder ser lembrada
E merecer toda a atenção desnecessária
Que depositastes em nosso real sentimento
E quero voar...como jamais antes
Quero perceber mais do que vidas; instantes
Quero ouvir todo som que puder
E classificar em poesia toda nostalgia
Que insiste em ecoar pelos ventos afora
A passar por nossos rostos, pele,cabelos...
A desafiar a certeza das nossas vidas
Quero passar dias e noites a cantar
Canção alguma que só eu conheça
E partir com o outono
Com as folhas que superam palavras
Com o sentimento de que tudo e nada...
São nunca contraditórios, vícios de linguagem
Já que o tudo nunca conheceremos por completo
E o nada é apenas uma palavra pra definir o não definível
Mas por hora...basta-me o tempo.
Tão curto, tão imprevisível
Por hora...basta-me sonhar com o hoje
Sonhar com o amanhã não necessário
As horas passam, meu amanhã é hoje
E a vida que tenho não difere em segundos apenas
Quero prosseguir caminhos diversos
Com todas as minhas incertezas
E certezas que me guiam sem pestanejar
Esse mundo me permite ser e errar
Ver e buscar
Tudo o que sou ou simplesmente o almejar
Quero cantar uma canção só minha berrar
E gritar ao mundo até ser ouvida
Que tenho pensamentos únicos
Que tenho vontades irresolutas
Que sou incerta,certa e incerta
De tudo aquilo que sou ou não
Quero gritar e voar como nunca antes
Levadas pelas folhas do outono
Do meu interno ser que quer viver
Sem reprimido ser em tanta hipocrisia
Numa sociedade cheia de regalias
Absurdos discursos esses de democracia
Quero ser livre ao menos por um dia
Enquanto posso lhe enxergar precisamente
Enquanto tenho vida.
Gritar e voar como nunca antes na vida.