Muro

Sou só.
Vivo em cima do muro,
olhando de longe
o que não posso ser...
Não tenho idade para ser adulta,
nem cabeça para ser jovem!
Perambulo pelos dois lados,
mas não consigo ficar em nenhum...
Vivo só, em cima do muro.
Escolho motivos maduros
para sofrimentos infantis
e minhas lágrimas confusas
correm por dentro,
onde ninguém pode ampará-las.
Choro só, transbordo de mim.
E às vezes me afogo
nessa estranha solidão.
Só queria descer do muro,
mas ninguém me estende a mão...

Rio/Agosto/1995