Palavras

Há tanto tempo não escrevo...

As palavras me parecem estranhas

Admito que tenho medo

De me perder no imenso vocabulário

As rimas encontram-se perdidas

Eu me encontro...perdida nas palavras

Talvez em um mundo de dissonâncias...

Mas não creio que rimas sejam essenciais

Essenciais são as palavras.

Procuro no dicionário: o pai dos sábios!

Nas enciclopédias

Atrás do muro

PALAVRAS!

Palavraaaas!

Não há resposta

O silêncio é ainda maior que o da minha voz

O desespero bate à minha porta.

Como posso escrever sem palavras?

Cadê as palavras azuis, amarelas, verdes?

Cadê as palavras mal colocadas? As sem sentido?

Cadê a oração, o predicado, o sujeito?

Sem palavras o que seriam dos discursos vãos?

Das promessas feitas? – e não cumpridas.

Dos termos chulos?

Melhor.

O que seria do mundo?

E dos poetas?

Do amor... Dos recitais...

Dos textos bonitos...

Dos livros...

E da borboleta, que voa pelo jardim à espera de caber na poesia?

O que seria de mim sem as palavras?

Talvez esta não seja a melhor poesia

Talvez não tenha as melhores rimas

Talvez as palavras não sejam as mais belas

Mas estas palavras são minhas.

Eu as escolhi.

Eu as coloquei.

E até a borboleta ficou feliz por poder aparecer.