O AMIGO IMPORTUNO.
Tinhas os olhos molhados quando cheguei,
E a alma trêmula, sufocada ante a tua impossibilidade.
Teus olhos marejados por ver olhinhos marejados
Quase súplices de correr atrás da bola – “Peguei!...
De voar, brincar, correr para a própria liberdade.
Olhinhos quase súplices do menino ali sentado.
Sabe quanto tem me custado essa dor?
Ver teus olhos marejados,
Fraquejando, sofrido.
Corpo falante mesmo calado
Desenho no espaço vazio
Tão pequena, inábil, sem poder, sem furor.
Deixo correr o sal de meu suor
Para não arrebentar em sal
Que brota e sai em lágrimas.
Labuto, luto para ser melhor
Transformo-me em forças, um animal
Reescrever o livro de muitas páginas
Quando a dor que dói no outro
Mais profunda do que na gente
Fazer-se – o amigo importuno.
Buscar, buscar ser insistente.
Nunca deixar perder o prumo.
Estar de pé será sempre pouco.