Sobre a escrita da poesia

Nunca revisito um poema.

Ele lá fica em estado puro,

Qual bebê nascituro.

Jamais, ainda que o possa,

O releio como um poeta.

Se bom, aplaudo com ardor,

Se mau, lamento-o, como leitor,

Mas jamais coloco um ponto

Que antes não existisse.

E este meu jeito, ou teimosia,

Meu modo de fazer poesia,

Ainda que insistente,

Desvia-se, inconseqüente,

Daquilo que se crê ideal.

E minha inspiração, néscia,

Dá de ombros e ignora

Opinião alheia. Vai-se embora

Deixando o poema que fiz

Inerte em sua matriz:

Sem revisão; à vontade;

Intacto, para a posteridade.

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 27/04/2010
Código do texto: T2223775
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