Abrir-me em flor

Sertanejo

Meu corpo.

Não revela a minha alma de flores.

Estou sempre na primavera

Ouvindo melodias

Abelhas, músicas raiadas nos caminhos.

Sertão não vejo

Pedras e espinhos.

Do lado, beija-flor

Ó silêncio das águas

Que corre por entre os veios

As veias que piso com meus pés

Nas estreitas veredas.

Límpido, distante, céu azul.

Sertanejas minhas mãos.

Juazeiro, umbu no chão

Cheiro de jasmim no fim da tarde

Lampião sobre a mesa

Lembrando que vem a noite

De mansinho, cobrindo as cercas.

Flauta, zabumba, compasso do meu coração.

Maria, minha mãe

Marias, minhas filhas

A bênção seu Padre!

Que hei de dormir um sono breve

Crepuscular

Já vem vindo o orvalho

Preciso abrir-me em flor.

Valéria Britto
Enviado por Valéria Britto em 01/05/2010
Reeditado em 14/04/2012
Código do texto: T2231742
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