pagão

(Todas as reverências ao Sr. Drummond de Andrade)

és pagador de promessa de mim

pois sou rei raiz nessa motriz que desvela

a cruzada descampada do poder que há em ti.

és promessa paga por tanta palavra boa

que de boa já diz tudo e de tudo se fez tanto

no crescer de novo encanto que apela mais aqui.

és paga de promessa sem perdão

no escuro alento de sorrir qualquer riso imaculado

sem graça de quem partiu sem ter levado ninguém

trazendo a palavra amiga

guardada dependurada no verso de se perder.

és perdão que se fez promessa

da canção entrecortada outra luz sem mais sem nada

que te fiz pra ser feliz.

és instante de promessa com todo perdão do tempo

um clarão um pé de vento

que se une ao meu umbigo

velho santo morto homem tu és vivo na palavra

sem perdão sem promessa bem no rastro do mistério.

mas de um corte assim profundo

bem mais vasto que este mundo

entre elo e fantasia

nasce o canto mais que tudo

perdão de palavra cheia vertente da poesia.

- Êta vida besta seu Carlos!!!

Marco Carneiro
Enviado por Marco Carneiro em 24/08/2006
Código do texto: T223833