POESIA À MARGEM DO COXIPÓ

Visão de um mínimo

E breve pássaro

Que arriva e num átimo

Foge,

Deixando meus olhos secos

E desprovidos de poesia.

Escuta:

Habita em mim

Um pássaro negro que grita

Quando amanhece,

E outro que se suicida

Sem prévio aviso.

Galhos arvoram

A língua nas nuvens,

E a noite traz ruídos

E tempestades de palavras

Que o espírito repele.

Me refugio

Num esconderijo sem portas.

Como um bicho, renuncio

A todas as urgências

Que me assolaram.

Fecho-me, concha indevassável

Como a tez de labaredas.

O poeta, pode dizer-se,

É alguém sempre prestes a ir embora

Atrás de algum pássaro.

Um ente que se mistura ao mundo

Sem pertencê-lo.

Um peixe escamoso do Coxipó.

Nada demais.

Caminha o poeta

Por uma estrada, como um tonto,

De há muito desconhecida,

E que ninguém repara.

Simples

Como uma ponte.

Como a noite.

Como um pássaro,

Quando alça vôo sobre o rio.

Benilson Toniolo
Enviado por Benilson Toniolo em 13/05/2010
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