O Vigilante

O apito do vigia noturno

Misturava-se aos longínquos sons da rua

Da janela, o reflexo da lua

Na televisão, um jogo qualquer

No canto do quarto, os sapatos

Na caixa de retratos, a lembrança

No guarda-roupa, os remorsos, o tempo

E ainda alguma esperança

Pelo mundo, o som perdia-se distante

Vida afora, num lamento intermitente

Na boca, o gosto amargo do dia

No peito, o coração latente

Seguia assim o vigilante noite adentro

Lembrando a cada esquina um sentimento

Como ele, guardáva-mos momentos

O som do apito, a solidão e a poesia