tempo

Alcanço um tempo em que o tempo não é tempo!

Em tempo frio, feito ursa, hiberno.

Em tempo morno é de andar, preguiçosa!

E tempo quente, de tirar a roupa e sentir a pele se abrindo, em poros...

Não desconsidero os calendários, prontos

históricos organizadores da tribo mas, o tempo real do ser não pode ser só as idades impostas em datas comemorativas, não pode!

Entre movimentos de rotação e translação nasce gente, morre gente,

ainda que poeticamente desencarnem ou em outras religiosas formas existam!

Tenho no corpo marcas, sinais, cravados, das batalhas travadas

fora dos campos de guerra!

Outras guerras!

Cicatrizes existenciais, resultantes do encontro quase letal com o tempo não tempo. Nada de ideologias ou territorialidades, a não ser o espaço do meu corpo que carrega essa alma ainda sã!

Nem me lembro o quanto durou esses embates mas dos ferimentos sim, tenho o mapa!

Poderia mesmo me guardar, esconder, ou serão seres como eu apelidados e tratados desumanamente como aprendemos a conhecê-los, criaturas distorcidas, bruxos, vampiros?

Nada disso é comum, é estranho, eu sei, e certamente estranharia se não estivesse eu em minha pele!

Certo é que não acenderão mais fogueiras em minha homenagem.

Sobrevivo!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 03/06/2010
Reeditado em 08/06/2010
Código do texto: T2297498