MINH'ALMA
MINH’ALMA
Minh’alma é pura como a cristalina
água da fonte às horas da manhã;
como um sorriso meigo de menina
e o colibri nos galhos da romã.
Minh’alma é feia como a noite é feia
nas tempestades de alto mar sem luz.
É como a morte que nos aperreia
e ao incerto um dia nos conduz.
Minh’alma é triste ao cair da tarde,
como o cantar de preso passarinho.
É como amor que no meu peito arde;
é como a ave que perdeu seu ninho.
Minh’alma chora as mágoas deste mundo
de guerras, fome e de um viver sombrio;
e essas mágoas me ferem tão profundo,
que os meus prantos hão de tornar-se um rio.
Minh’alma canta quando raia o dia
e de esplendor se veste a natureza.
No peito o amor, no amor a poesia
e na poesia a real beleza.
Minh’alma é bela como bela é a rosa
mesmo vivendo junto dos espinhos.
É como a vida às vezes caprichosa,
que por capricho entorta os meus caminhos.
Voa minh’alma pela madrugada
e deixa a carne fraca aqui no chão
em um sono profundo aprisionada.
Minh’alma voa pela imensidão.
Voa minh’alma até chegar um dia
aos pés de Deus e da ditosa Virgem;
um oásis de paz e de alegria,
seu leito eterno e seu local de origem.