Refugos Poéticos

Não dormi inspirada em escrever com a tinta-sangue do meu ser

A poesia mais intrínseca, com extrato de alcaçuz e a rima mais bonita

Da minha essência framboesa e macadâmia surgiram tulipas lilases

E a flâmula incandescente do meu palpitar ejaculou uma prosa poética

Sorvendo luzes coloridas, constitui um jardim suspenso em meu céu

E, o cheiro de mato molhado dispersou o fio da minha escrita

Em transe hipnótico, sorvi o universo inteiro numa respiração profunda

Todo o universo se calou em respeito ao momento tênue e movediço

E as palavras esconderam-se em refugos de monges eruditas

Algumas simplesmente deram as costas e seguiram

Do meu extrato sentimental, quimeras sacrossantas me fitaram

Acariciaram a minha face e subitamente voltei aos meus rabiscos

Enquanto palavras lascivas ajoelhadas se ofereciam como meretrizes

Outras palavras maltrapilhas me buscavam...

Busquei aquelas que me repeliam, e perguntei o seu nome e o seu signo

Elas sorriam com nuances florescentes exalando perfume de alfazema

E, viraram borboletas de seda brincando no meu jardim suspenso de tulipas

Talvez um rastro, uma semente, para este poema de improviso.

Sheila Gomes de Assis
Enviado por Sheila Gomes de Assis em 21/06/2010
Reeditado em 21/06/2010
Código do texto: T2331916
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