Última blasfêmia

Sepulto em lápide fria toda blasfêmia

Arte lasciva que me enfraquecia...

Jogo em cima da campa marrenta

Um girassol de despedida

E, não regressarei jamais

Antes que o último verme se farte!

Cavo com mãos e unhas a cova mais funda

E ela tão movediça de ódio enfermo

Em fúria tenta tragar-me mais uma vez

Como sangue-suga em último adeus

Mas... Parto viva, em chagas

De mãos vazias, alma cansada

E, caminhos tão cheios...

Deixo as blasfêmias que recebi como presente

Abandonadas em derradeiro féretro

Não rezarei, não velarei, não chorarei

Que se fartem os abutres, os parasitas

Estes de réus a vítima sombria

Morrerão tão breves, envenenados!

Sheila Gomes de Assis
Enviado por Sheila Gomes de Assis em 24/06/2010
Código do texto: T2337927
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