Tarde...

Lamento, é muito tarde.

A madrugada quer virar manhã.

É que a noite se arrastou,

Num “slow motion” de uma cena fatal.

Sei, ninguém me disse que seria fácil.

Num tempo em que se complica,

O que é mais do que simples,

E torna tudo confuso, afinal.

Lamento, é muito tarde.

Falhei no meu intuito de te esquecer.

Mas como apagar da memória,

O que preme, urgente em minha carne?

Teria que excluir as ruas, as casas, os sorrisos...

“Deletar” o vento gelado das noites de inverno,

que afetava mais ao teu corpo do que ao meu,

Ou o sol das tardes preguiçosas de tantos domingos.

Lamento, é muito tarde.

Não há como voltar atrás,

E conter a flecha já disparada,

Ou tornar nulo tudo o que existiu.... (ou existe?)

Talvez continuemos a buscar em outros olhos, os nossos...

E em tantas bocas, o que sabemos em qual encontrar.

Talvez continuemos nesta procura desesperada do nada,

Ou da felicidade perdida, que bem sabemos onde está.

Até que um dia, realmente...

Seja tarde demais.