a realidade refuta

e redunda na ilusão

sim, aquela grata ,que nos fere

e nos cala

tal chibata em tronco de perdição

talvez eu fique presa

pelo serpentear e o repique

de tua voz de gargalo

tentando convencer-me

a despir-me de luta

e quem sabe por algum minuto

ou vários, permita-me ser surda

ou solta, sem castigos ou mentiras

só ou contigo em insanidade

entregue à leviandade, cobiça da carne

por hora, sinto-me bem por não ter cedido

aos devaneios de uma vida rapariga

escondo-me ainda nesses risos falsos

em torturas desmedidas

sob meia dúzia de saias floridas

ledo engano essas verdades absolutas

como se não houvesse antônimos

nesse cárcere interno, no inferno íntimo

que ata-me ao teu terno de risca-de-giz

e ao teu chapéu de aba curta

convenci-me da relatividade de tudo

sem as certezas ou dúvidas que nos cercam

quem não vive assim,

não sabe do absurdo

que cega o santo e inspira o vagabundo

eis que nesta hora incerta, sã

por tudo que pude ter e perdi

que valho-me da falta de fé e da descrença

dou-me algumas gotas de mortal veneno

pois a esperança é que me mata.

Larissa Marques
Enviado por Larissa Marques em 25/06/2010
Reeditado em 01/01/2011
Código do texto: T2341464
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