Quando houver uma fada em meu rosto e um fantasma em minh' alma

Ah... Quando a minha vida se amputar

E no corar a clorofila da partida vier sem luvas...

O adeus de cavar areias e fazer castelos será eterno...

Ah... Quando o canário cantar

O amarelo desespero de suas penas o deixará calvo

E o céu cairá sobre o mundo...

Ah... Quando minhas mãos se entrelaçarem

E os meus olhos fecharem...

Um corvo voará sobre o féretro

E gritará uma dor embutida

Sobre os relâmpagos que restarem...

Uma roda de anjos que me rodearem

Lutarão com os gigantes escritores

Que vencerão – e colocarão meu coração em moldura

Ah... Quando o perfume das flores

Invadirem a lua cheia de soluços

Luzes multicoloridas dançarão em tudo

E as ondas dos mares causarão dilúvios...

Ah... Quando o tule branco cobrir o meu corpo

Se alguém tocar com sublimidade o meu rosto

Uma lágrima deslizará sobre a minha face

Ah... quando o portal do além se abrir...

Tom Jobim tocará uma canção bela no piano

E uma poeta anônima de cabelos negros e vestido vermelho

Desfilará no coquetel das celebridades, entre anjos, santos e diabos...

Ah... Quando este dia chegar...

Haverá uma fada em meu rosto

E um fantasma em minh´alma.

Sheila Gomes de Assis
Enviado por Sheila Gomes de Assis em 27/06/2010
Reeditado em 28/06/2010
Código do texto: T2344795
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