prosaicos cariocas
as pessoas chegavam ao ponto de ônibus
os relógios digitais informavam
a temperatura da madrugada (17ºC)
o vento empurrado pelo movimento dos veículos
aumentava a sensação térmica
as pessoas vinham pela passarela
com jeito de que sabiam para onde caminhavam
no bolso a intervalos sincronizados
o telefone celular apitava
a barraca iluminada vendia café
a fumaça do líquido no ar
uma grávida muita magra
a velha senhora gorda
o rapaz de muletas
o eco dos anúncios gritados pelas kombis:
Praça das Nações
Bonsucesso
Largo do Pedregulho
Cancela e Feira de São de Cristóvão
o duelo entre as últimas tintas da noite
e as primeiras luzes do dia
o casal de namorados
as palmeiras recém plantadas
o filho conduzindo a mãe
a espera
a alternância dos destinos cruzados.
Flávio Machado