A ESTRADA DO SILÊNCIO

Sigo por uma estrada cujas margens

Estão repletas de homens quebrados,

Vomitados pela floresta dos deuses vencidos.

À minha frente outros homens caminham

Arrastados por uma fé que os leva à loucura.

No chão de terra negra as sombras desaparecem,

E por um momento ninguém sabe o caminho.

O silêncio cai como uma mortalha de neve

E o instante que antecede a hora

É como uma garra de aço na garganta do tempo.

Para escapar eles caminham de costas

E não percebem a involução de suas mentes,

O pensamento agoniza, recolhendo seus tentáculos

Com medo do fogo do inferno.

A estrada se alonga como uma seta infinita,

E um deus diabólico destrói a rosa dos ventos.

Segue a turba pisando nas sombras ocultas

Porque antes de tudo é preciso caminhar.

Todos se olham e se perguntam: que somos?

Que estranha maneira é essa de estar?

Ainda existe um sonho para sonhar?

A estrada do silêncio amplia suas margens

Para recolher os corpos dos homens quebrados

Pois dentro dela alguém caminha na direção da luz.

Ouso então quebrar o silêncio da estrada

E lá do fundo de minha alma um trovão estronda

Anunciando que somos a razão do que somos,

E não há razão para calar.

henrique ponttopidan
Enviado por henrique ponttopidan em 02/07/2010
Reeditado em 06/08/2011
Código do texto: T2353517