cerco

fosse

peixe em tanque

pássaro em gaiola

água na caixa

orquídea em estufa

gado de curral

cachorro de madame

gato castrado

galinha de granja

porco em chiqueiro

flor em vaso

abóbora da horta

fruto do mar

rato de laboratório

cavalo de corrida

urso de circo

leão de chácara

tigre de bengalas

fosse qualquer coisa assim

patética

empilhada

empalhada

embrulhada

insossa

seria algum poeta

talvez grande deveras

o poeta das palavras

nesses tempos de mastigar poeta e sua poesia

nestes tempos passados e presentes

guardados entre bolsos e gavetas

sorridentes, expostos feito bifes em vitrines

enquanto sangra, bêbado, lascivo, suicida

no limbo!

Porque a poesia de ver, tocar, sentir enfim

até a de colher e caçar na fome

esta sim nem é lá de se medir

é de ser!

Suzane Rabelo
Enviado por Suzane Rabelo em 09/07/2010
Reeditado em 11/07/2011
Código do texto: T2368510