cerco
fosse
peixe em tanque
pássaro em gaiola
água na caixa
orquídea em estufa
gado de curral
cachorro de madame
gato castrado
galinha de granja
porco em chiqueiro
flor em vaso
abóbora da horta
fruto do mar
rato de laboratório
cavalo de corrida
urso de circo
leão de chácara
tigre de bengalas
fosse qualquer coisa assim
patética
empilhada
empalhada
embrulhada
insossa
seria algum poeta
talvez grande deveras
o poeta das palavras
nesses tempos de mastigar poeta e sua poesia
nestes tempos passados e presentes
guardados entre bolsos e gavetas
sorridentes, expostos feito bifes em vitrines
enquanto sangra, bêbado, lascivo, suicida
no limbo!
Porque a poesia de ver, tocar, sentir enfim
até a de colher e caçar na fome
esta sim nem é lá de se medir
é de ser!